segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A HISTÓRIA DE DUQUE

- Vocês gostariam de ouvir o meu cavalo falar? perguntou o Sr. Oliveira, por cima da cerca dos fundos, para os três meninos que tinham se mudado recentemente para aquela vizinhança e estavam brincando num terreno vazio ali perto. - Oh, sim respondeu Tony, e todos os três vieram correndo. O Sr. Oliveira abriu o portão e deixou que eles entrassem na estrebaria. O Sr. Oliveira era um dos bons policiais da cidade. Ele gostava muito de meninos e também gostava muito de cavalos. Os meninos tinham visto seu bonito cavalo branco bem na frente de um desfile. Eles gostavam de ver o Sr. Oliveira escovar o Duque, e pentear o seu rabo e sua crina. Ele trazia uns dois ou três baldes de água morna e lavava Duque por inteiro. O cavalo ficava parado em pé, olhando ao redor de vez em quando. Se fosse um desfile muito especial, o Sr. Oliveira também dava polimento nos cascos de Duque. Depois pegava uma sela muito limpa e brilhante que com todo cuidado colocava em cima do cavalo, e gentilmente, mas com firmeza amarrava o cinturão. O Sr. Oliveira sempre usava sua roupa de montaria camisa amarela e calça marrom. Também usava um chapéu marrom. O chapéu era tão grande que parecia um sombreiro mexicano. Ele também tinha espora brilhante, mas muito raramente as usava. Nas grandes paradas, a melhor banda normalmente estava bem atrás de Duque e do Sr. Oliveira. Duque havia sido treinado para saber o que fazer quando o Sr. Oliveira batesse no seu lado ou puxasse as rédeas. Ele podia marchar e marcar o tempo da música. Algumas vezes ele parava prestando atenção por uns minutos. Ele podia se sustentar em suas patas traseiras e levantar as patas dianteiras como se fosse um cachorrinho ensinado. Muitas vezes ele balançava a cabeça impaciência, e andava de um lado para o outro, ansioso para mostrar o que realmente sabia fazer. Quando a banda começava a tocar uma marcha alegre, ele podia marchar e mover a cabeça no compasso da música, no tempo perfeito. Neste dia especial, o Sr. Oliveira queria mostrar para os meninos que seu cavalo podia fazer alguma coisa mais do que marchar no tempo da música, como fazem os soldados. - Vocês sabiam que o meu Duque pode falar? começou a perguntar logo que fechou o portão. Os meninos arregalaram os olhos e prestaram atenção. - Eu nunca ouvi um cavalo falar disse Frederico - Bem, o Duque fala disse o Sr. Oliveira. Você não será capaz de ouvir, mas poderá ver como me responde. - Como é isto? todos perguntaram de uma só vez. - Ele pode escrever? perguntou Daniel, porque uma vez tinha visto um cavalo pegar um lápis com seus dentes e fazer números. - Vou fazer umas perguntas para ele disse o Sr. Oliveira. Duque, você já tinha visto estes meninos antes? ele começou. O cavalo começou a mover sua cabeça para cima e para baixo, de maneira a dizer Sim . - Algum deles jogou pedras em sua estrebaria? Novamente Duque moveu a cabeça para cima e para baixo. Os meninos se lembraram de que haviam jogado pedacinhos de madeira, cascas e também pedras, através da cerca para ver Duque correr, e ficaram felizes porque o Sr. Oliveira não olhou para suas caras de culpados. - Você gosta disto, Duque? perguntou o Sr. Oliveira. O cavalo balançou fortemente a cabeça de um lado para o outro. - Eu sei que vocês gostam de Duque tanto quanto eu. Vocês não quiseram machucá-lo. Se ele tivesse ficado assustado por causa da pedra, poderia ter se jogado contra a cerca e quebrado a perna, ou ter furado um olho, poderia ter rompido a cerca e corrido para fora disse o Sr. Oliveira. - Nós não jogaremos mais nada contra ele novamente disse Daniel. Não pensamos que poderíamos machucar o Duque, somente pensamos que seria divertido ver como ele pulava e corria. - Não haveria nenhum outro cavalo que liderasse a parada se ele tivesse fugido acrescentou Frederico pensativamente. Tony estava pensando em uma coisa muito dura. - O senhor teria que dar um tiro nele se por acaso tivesse quebrado uma perna, teria que matá-lo, não teria, Sr. Oliveira? O Sr. Oliveira baixou a cabeça, enquanto trazia uma forte caixa de madeira que colocou na frente de Duque. O cavalo colocou suas patas em cima da caixa. Então ele levantou a pata direita e dava a mão a cada menino quando lhe davam um pequeno torrão de açúcar. Tony, Daniel e Frederico vão à estrebaria de Duque cada dia. Mas vocês podem estar certos de que não jogam mais pedra. Mas eles ainda estão admirados de como Duque sabia responder Sim ou Não às perguntas do Sr. Oliveira. Por que vocês acham que os meninos jogavam pedras em Duque? Vocês acham que eles sabiam que era errado? Por quê? A que mandamento ou regra estavam desobedecendo quando eram maldosos para com o cavalo? Será que eles imaginavam o que poderia acontecer ao cavalo quando jogavam pedras nele? O que vocês imaginam que os meninos estavam pensando quando apertavam a mão (pata) de Duque?

sábado, 21 de janeiro de 2017

A RESPOSTA DE DEUS


Durante a guerra, grandes aviões com sua carga mortal sobrevoaram a Áustria. Milhares de casas foram destruídas, fábricas incendiadas e a Capital passou por grande aflição. Inúmeras famílias foram deixadas sem lar, como só acontece quando há guerra. Gene e Maria chamemo-los assim, voltaram um dia da escola para casa apenas para descobrir que não somente a casa tinha sido destruída pelas bombas, mas tanto o pai como a mãe haviam sido mortos. Os vizinhos os levaram, com muitas outras crianças sem lar, para o grande orfanato da cidade. Bem podemos imaginar a tristeza e a amargura daquelas pobres crianças. Contudo, não esqueceram os ensinamentos dos pais e muitas vezes ao encontrarem-se no vestíbulo do orfanato, cruzavam as mãozinhas e oravam ao Pai celeste. Não sabiam o que o futuro lhes reservaria.


Um dia foi anunciado que um país vizinho se oferecia para arranjar lares para muitas daquelas crianças. Todos estavam excitados e felizes no dia da partida. Gene e Maria saíram felizes com seus poucos pertences debaixo do braço e entraram no ônibus que os havia de levar até a estação, onde tomariam o longo trem sibilante. Seria sua primeira viagem de trem. Centenas de crianças seriam levadas da pátria para um país estranho, onde deveriam encontrar novos lares – novos papais e novas mamães.


Quando soou o apito, o trem começou a movimentar-se, ganhando velocidade. Logo cortava os campos com rapidez enquanto ansiosos olhinhos perscrutavam cenários que nunca seriam esquecidos. Gene e Maria, contudo, não estavam demasiado ocupados para poderem cruzar de vez em quando as mãozinhas e curvar as cabecinhas para uma oração: “Querido Jesus, Tu sabes que perdemos nosso papai e nossa mamãe: dá-nos, por favor, um novo lar. Não permitas que sejamos separados e envia-nos para o lar conveniente”.


Logo o trem diminuiu a velocidade e parou numa estação. Crianças e mais crianças emergiram dos superlotados carros e fizeram filas na plataforma. Muita gente da cidade ali estava, a fim de escolher uma criança e adotá-la. Aqui e ali uma era escolhida por ansiosos casais que fitavam aqueles orfãozinhos de um país estranho. Aqueles rostinhos tristes se voltavam para cima para verem seus novos pais. Os que sobravam voltavam para o trem e viajavam para a próxima cidade.


O dia inteiro repetiu-se a cena, enquanto o grande trem, hora após hora carregava aqueles pedacinhos da humanidade para novas aventuras. De quando em quando Gene e Maria repetiam a oração para que de qualquer maneira Deus encontrasse para eles o devido lar.


Estava quase escuro quando o trem parou outra vez numa grande estação. Gene e Maria separavam-se ao descerem do trem para a fila, onde, conforme pensavam seriam passados por alto, como tantas vezes já havia acontecido antes.


Essa manhã, em certa cidade, um casal adventista do sétimo dia estava fazendo o culto quando uma batida na porta anunciou a chegada do jornal matutino. Depois de terminado o culto passaram os olhos pelo jornal para lerem as manchetes: “Trem de crianças austríacas chega esta noite”, foi o que lhes atraiu a atenção. A bondosa senhora olhou para o marido e disse: “Querido, esta é a nossa oportunidade de conseguirmos o menino que há tanto tempo você deseja”.


O marido respondeu com um sorriso: “Não, querida, você sempre desejou uma menina e não quero ser egoísta. Enquanto vou trabalhar, você vai à estação e, quando o trem chegar, escolha uma linda menina de cabelos crespos, para nós”.


Por algum tempo estiveram considerando se devia ser menino ou menina. De uma coisa estavam convictos: que só poderiam cuidar de uma criança. Existia no coração de ambos uma simpatia especial pelos austríacos, pois ambos tinham parentes na Áustria. Finalmente chegaram á conclusão de que adotariam um menininho que tivesse cabelos crespos, ombros largos e se parecesse com o pai adotivo.


Quando o trem parou em sua cidade aquela noitinha e as centenas de crianças fizeram fila para procurar novos pais, a Sra. Bergman estava lá. Andou avidamente de um lado para o outro, contemplando os rostinhos magros e tristes das pequenas vítimas da guerra. Podia ler a história de desapontamento, desolação e fome em muitas faces. Afinal notou um rapazinho que parecia ter as feições procuradas, ombros largos, cabelos crespos e ar tranqüilo e calmo. Havia algo nele que atraiu a atenção. Parecia-se com alguém que ele já tinha visto antes. Aproximou-se dele com um sorriso:


Você quer vir para a nossa casa? Temos um balanço no quintal e nenhuma criança para brincar nele. Eu gosto de homenzinho como você. Você vem comigo? 


Gene continuou ereto e impassível. Afinal respondeu com sua vozinha fina:


- Sim, eu gostaria de ir com a senhora e brincar no balanço, mas tenho uma irmãzinha e queremos ficar juntos.


Sua vozinha tremeu um pouco na última palavra e lágrimas brilharam nos olhos.


- Oh, mas sua irmãzinha terá acolhida em outra parte! Nós só podemos ficar com um, rogou a Sra. Bergman.


- Mas nós pedimos a Jesus que nos mandasse para a mesma casa e temos certeza de que Ele terá um lugar onde poderemos ficar juntos, pois perdemos nosso pai e nossa mãe, disse o pequeno, num soluço.


O coração da senhora ficou tocado. Ali estava um menino que cria em Deus e cria que Ele havia de responder à sua oração. Respondeu rapidamente: - Onde está sua irmãzinha? Vá buscá-la, para eu vê-la.


O pequeno correu, procurando-a na fila, e voltou em seguida com ela pela mão. Ambos pararam, fitando a bondosa senhora com olhar súplice.


- Aqui está ela, disse Gene com um sorriso.


Lágrimas assomaram aos olhos da senhora enquanto sentia um nó na garganta. Que injustiça estaria praticando ao separar aqueles irmãozinhos, únicos sobreviventes daquela família destruída pelo bombardeio! Convenceu-se de que devia aceitar os dois. Olhando-os intensamente, disse: - Bem, queridos amigos, não sei o que meu marido dirá, mas vou levar vocês dois. Venham comigo e logo chegaremos em casa.


Com exclamações de alegria eles disseram adeus aos companheiros e logo se perderam no meio da multidão, seguindo sua nova mãe até o auto lá embaixo, na estação. Poucos depois estavam sentados na sala de uma boa e ampla casa, esperando algo para comer.


A Sra. Bergman estava na cozinha preparando alguma coisa para os famintos aditamentos de sua família. Com os olhos bem abertos, os pequenos olhavam tudo o que havia na casa. Realmente estavam contentes de estar nesse novo lar, mas ainda um pouco receosos do futuro. De repente Gene apontou o dedo magro para o retrato de uma mulher que estava sobre o piano.


- Veja, disse ele à Maria, parece...


- Não pôde continuar, um soluço embargou-lhe a voz e ambos começaram a chorar. Não podiam controlar as emoções.


Quando a Sra. Bergman ouviu os soluços, veio correndo para ver o que havia. – Que é que vocês têm? Que aconteceu? Vocês não estão satisfeitos aqui? Exclamou ela.


- Sim, disse a menina por entre lágrimas, estamos contentes.


- Então por que estão chorando tanto? Perguntou ela.


Logo que se acalmaram um pouco, olharam para a face maternal da Sra. Bergman e apontaram para o quadro sobre o piano. A senhora, fitando o retrato, disse: - Sim, é minha irmã. Porque vocês choram ao ver essa fotografia?


A menininha soluçou: - Essa é minha mãe!


Então a Sra. Bergman concluiu que sua irmã, que fazia anos havia ido para a Áustria e dela não tinha notícias já havia quatro ou cinco anos, teria sido morta no bombardeio. Depois de considerável interrogatório, ficou convicta de que estes eram realmente os filhos de sua irmã.


Oh, que alegria houve naquele lar e que gratidão por Deus ter ouvido as orações daquelas crianças deixadas sem lar! Compreenderam que há um Deus que ouve e responde de modo maravilhoso às orações.




A VINGANÇA DO INDÍGENA


Era um fim de verão, faz muitos, muitos anos, na América do Norte. Fazia meses que não chovia, e o sol castigava a terra sem piedade, de maneira a secar os córregos e riachos, ficando só os rios de maior volume d’água.


Um jovem alto, esbelto, chamado Daniel Wilson, trabalhava perto de seu rancho, localizado numa curva em que os campos se encontravam com a imensa floresta. Era o único homem branco, muitas e muitas léguas separado dos demais, e a esposa dele era a única mulher branca naquele lugar.


Por um trilho que vinha da floresta para o campo, apareceu um indígena de estatura elevada e de aspecto nobre. Porém andava como que cansado, movimentando-se irregularmente, e em seu rosto se observavam traços de doença e de quem estava muito sedento. Ao se aproximar do rancho, hesitou, por um momento, e depois se aproximou do homem branco.


“Estou muito sedento; pode fazer o favor de me dar água para beber”, disse ele.


“Vá embora”, foi a áspera resposta. “Não dou coisa alguma a indígenas”.


A descortês e violenta atitude do homem branco feriu profundamente o orgulho do selvícola, mas, como estava para morrer de sede, mesmo em desespero, suplicou de novo: “Não posso mais andar. Tenha a bondade de me arranjar água para beber!”.


“Desapareça daqui! Não quero conversa com bugres”, foi à resposta, ainda mais violenta do que a primeira.


O indígena, o exausto pele vermelha, pouco a pouco se foi virando, para partir, mas seus olhos demonstravam o desejo intenso de vingança. Vagarosamente seguiu pela estrada do campo, até penetrar na mata densa, em direção de sua aldeia.


A jovem esposa do homem branco tinha ouvido a súplica insistente do homem das selvas, assim como a cruel recusa do marido. Ficara comovida e confusa. Quando o índio se retirava lentamente, sem poder andar direito, ela foi observá-lo da janela. Quando o trilho por que andava descia, para se encobrir mato adentro, a mulher viu o caboclo parar, trêmulo, cambaleante, e cair estendido no chão.


De repente apanhou um vaso d’água, um bule de leite e um bom pedaço de pão e, como o marido estivesse do lado oposto, saiu sem ser vista para acudir aquele pobre índio. Temia que estivesse morto. Chegando lá, porém, ao local, verificou que ele havia desfalecido em conseqüência da exaustão e da sede. Com a água fresca que levara e com palavras de simpatia, conseguiu fazê-lo voltar a si. Deu-lhe de beber e alimentou-o. Pediu, então, que não levasse em conta as palavras grosseiras do marido. Refeito, dentro de pouco tempo estava ele em condição de continuar a viagem. Antes, porém, de partir, tirou uma das penas brancas que trazia na cabeça e entregou-a, dizendo:


“Minha bondosa senhora, receba esta pena. Quando seu marido estiver caçando, peça-lhe para usá-la, para que possa escapar com vida. Eu havia planejado voltar e matá-lo. Por sua causa, no entanto, não farei isto. Se ele cair nas mãos de outros de minha tribo, só escapará se estiver com esta pena”.


Ao concluir estas palavras, com um porte elegante seguiu pelo restinho do trilho e desapareceu na vastidão da floresta.


Passaram-se três anos. Outros colonos se estabeleceram naquele mesmo distrito. Perto do fim do inverno, quando a alimentação estava ficando bastante escassa, os homens se organizaram e saíram num grupo para caçar. Antes de saírem, a esposa do homem que havia sido muito, muito grosseiro para com a pele vermelha, três anos atrás, pediu-lhe que usasse a pena branca do índio na lapela de seu paletó, repetindo-lhe as palavras do selvícola quando o fora socorrer. O marido riu-se, zombando da preocupação e do medo da esposa, e não queria usar a pena. Por fim, dada a insistência da mulher e para satisfazê-la, pregou-a no paletó e saiu.


As caças estavam raríssimas. Não aparecia o que matar. Andaram e andaram, mato adentro, mais longe do que haviam imaginado. O sol descambava no poente. Todos estavam procurando matar um lindo veado, tomando posição aqui e ali, correndo para mais adiante, sem se darem conta do tempo que corria também. Daniel Wilson ficara atrás dos companheiros, procurando endireitar os sapatos que o estavam maltratando bastante.


Quando ficou pronto, já estava escurecendo a noite. Apressou-se, correndo e buscando ver que direção haviam tomado os outros. As trevas, mo meio da floresta, não permitiam mais que visse as saídas. Era difícil andar. Estava perdido. Pensou que poderia ouvir os companheiros: assobiou, gritou, e nada. Pelejou e pelejou, até se convencer de que não havia outra coisa a fazer, a não ser permanecer a noite inteira na floresta e aguardar o amanhecer do dia.


Nisto, percebeu como que vultos erguerem-se ao seu redor. Poucos momentos, e estava ele nas mãos de um grupo de índios que pareciam selvagens. Amarraram-lhe as mãos e fizeram com que ele andasse á sua frente. Cansado, mas obrigado a caminhar mais e mais, horas e horas. Depois, todos de novo a caminho.


No dia seguinte chegaram à aldeia, na floresta, perto de um lago. Cabanas altas e de topo pontiagudo, mulheres e crianças, fumaça de fogo de cozinha, tudo indicava ser de grande importância àquela taba.


O aflito homem branco foi levado a uma cabana desocupada, ficando lá sob a guarda de dois bravos jovens. Era já tarde. O sol descia no ocaso. Ouvem-se rumores entre os selvícolas. Chega outro grupo de guerreiros, com o chefe à frente, um homem alto, de boa aparência, trazendo suas penas e com as pinturas que usam na guerra.


Contaram-lhe da captura do homem branco e ele foi vê-lo. Logo que viu a pena branca, reconheceu o cativo, o homem que, anos atrás, se havia negado de socorrê-lo, mal-tratando-o sem piedade.


“É muito feliz em estar usando a pena”, disse o chefe indígena. “Se não fosse isto, você seria morto esta noite. Por causa de sua esposa, que me tratou com bondade, prometi poupá-lo quando caísse em meu poder. Por que os homens brancos não são bondosos para com os irmãos de pele -vermelha? Os pele-vermelha só matam os brancos quando se vingam de qualquer crueldade de que foram vítimas.


“Agora irei levá-lo de volta a sua casa. Eu mesmo vou acompanhá-lo. Primeiro, porém, você precisa comer e descansar”.


Ao se retirar o chefe, dois jovens trouxeram-lhe comida e uma pele sobre que se deitar, para passar bem o resto da noite. E, cumprindo a promessa, de manhã, bem cedinho, aquele valoroso chefe indígena veio e saiu com o homem branco. Caminharam léguas e léguas, através da floresta, até chegarem ao ponto em que a mata termina e começa o campo. Nesta longa viagem, Daniel Wilson aprendeu a respeitar e a admirar o homem cuja honra salvou o inimigo cativo, em seu poder.



A EXPOSIÇÃO DE FLORES DE GUILHERME

Guilherme, um dia, foi com sua escola visitar uma exposição de flores. Era muito divertido sair com os professores e com as outras crianças. Guilherme deu a mão para seu melhor amigo e para algumas outras mamães, e os professores também estavam ali junto com eles. Quando voltou para casa, Guilherme contou para a mãe tudo o que tinha visto na exposição de flores. Ele contou que tinha visto flores azuis, flores cor-de-rosa, e flores amarelas. Havia muitas flores, tipos diferentes, eram tantas que Guilherme não pôde ver tudo. Guilherme estava tão excitado que quase não podia parar de falar. A mamãe ficou feliz em ver que Guilherme gostava de flores. E ela disse: - Guilherme, estou contente porque você gosta das flores, porque algum dia nós vamos a um lugar onde existem flores muito mais bonitas do que as que você viu hoje. - Onde, mãe? Onde? Eu quero ir – disse Guilherme feliz, pulando, pronto para ir ali. - Não é agora, Guilherme – disse a mamãe. – Logo Jesus vai voltar para nos levar a um lugar maravilhoso, chamado Céu. Lembra que estudamos sobre o Céu na lição da Escola Sabatina. Lá vamos ver lindas flores como as que você viu hoje, e além disto, haverá outras coisas bonitas. Lá vai haver bonitos pássaros que cantam, e animais com os quais poderemos brincar. Além disso, todos vamos ter uma coroa brilhante para usar. Vai ser maravilhoso ir para o Céu. E Jesus vai estar conosco lá. Ele vai nos dizer o nome de todas as flores, também vai fazer com que elas cresçam. Eu quero ir para o Céu, você também quer? - Sim, mamãe, eu quero ir para o Céu. Quero ver as flores, quero usar uma coroa, e principalmente, quero ver a Jesus – disse Guilherme para sua mãe. Eu também quero ir, e vocês? Que coisas Jesus criou que vocês gostam hoje? Vocês acham que elas serão ainda melhores quando estivermos lá no Céu? De que maneira? maneira?

A BOA IDÉIA DE SUZANA


A história que segue mostra como Suzana escolheu fazer o que agrada a Jesus.
    Suzana olhou alegremente ao seu redor e para os pequenos convidados. – Faço sete anos hoje! Disse ela. Dentro de um ou dois minutos abrirei meus presentes de aniversário. Então encontrarei o relógio de pulso que o papai e a mamãe prometeram dar-me, quando eu fizesse meu sétimo aniversário!
     Suzana desatou fitas azuis, fitas amarelas, fitas cor-de-rosa – um verdadeiro arco-íris de fitas. Quão interessante era ter uma festa de aniversário!
- Trouxe-te um jogo para limpeza de casa de verdade! E Leti sorriu para Suzana, enquanto os negros cachos lhe dançavam pela face. – Olha, Sue! Leti ajudou Suzana a desembrulhar o pequenino esfregão para a limpeza do pó, o vidrinho com óleo para a limpeza de móveis, e foi Leti quem colocou em Suzana o lindo aventalzinho estampado de flores alegres. Até havia um pequeno espanador, e uma vassoura!
- Você agora pode arrumar seu próprio quarto, Suzana, disse-lhe a mãe, sorrindo.
    Suzana acenou com a cabeça.
Ajudar a mamãe agora seria coisa realmente bem interessante.
    Tinha somente mais um presente a desembrulhar e esse devia ser o relógio de pulso. Havia numa caixa cor-de-rosa e prateada. Havia realmente um relógio! E aí Suzana viu Nete, com seu engraçado narizinho chato, espreitando pelos vãos da cerca. Neti parecia estar fazendo o possível para não chorar! Não vou convidar Neti Almeida, vai se desfazer em pranto e molhar todos os meus presentes, e portar-se mal, dissera Suzana a sua companheira predileta Leti. Esta concordara com ela...
     Suzana voltou as costas para a cerca, e fez de conta que Neti fora embora. Começou a brincar de “lenço-atrás” com as outras crianças, mas, por mais que fizesse, não podia achar graça no brinquedo. Não, não havia graça alguma. Até Leti não demonstrava vontade de brincar, e olhava triste para Neti.
     Durante toda a manhã Suzana excluíra Neti da mente. No dia anterior, quando sua mãe lhe dissera bondosamente: - Querida Suzana, não gostaria você que Neti tomasse parte, amanhã, na sua festinha de aniversário? Suzana batera o pé e dissera: “Não!”.
    A mãe estivera muito ocupada, fazendo os bolos para a festinha, e arranjando os brinquedos e outras coisas, mas parara para dizer: - Temo que você magoe Neti, Suzana. Bem sei que lhe prometi que poderia escolher os companheiros que desejava que viessem no seu aniversário, mas não seria melhor que qualquer hora, hoje, você desse um pulo e convidasse Neti? Ela, certamente, não assiste a muitas festas de aniversário, e haveria de gostar bastante se a convidasse. Não espere que lhe traga um presente, querida, porque seus pais são muito pobres.
    Tão ocupada estava a mãe de Suzana com os planos da festinha, que se esqueceu de Neti, justamente como Suzana esperava que acontecesse.
    - Convidou Neti? Perguntou-lhe a mãe. (Suzana pendeu a cabeça e corou de vergonha, pois ela e Leti haviam rasgado o lindo cartão cor-de-rosa do convite reservado para Neti.) Confiei na minha pequena, senão eu mesma tê-la-ia convidado, disse gravemente a mãe de Suzana, demonstrando estar bem triste.
    Suzana sentiu-se muito mal. Ali estava ela, com os presentes empilhados ao seu redor e o belo relógio de pulso no braço a fazer tique-taque, mas não tinha nem um pouco de alegria. Nem um pouco! Suzana sentiu como se fosse a menina mais infeliz do mundo, pois repentinamente vira quão egoísta tinha sido, quão falta de bondade para com Neti. Todos podiam ver Neti choramingar agachada atrás da cerca, procurando ver a mesa de aniversário!
    Foi nesse momento que Suzana teve a boa ideia.
    Girou velozmente, e correu o mais depressa possível até o passeio e ao redor da cerca, até encontrar Neti. – Venha para a festa! Suzana tomou na sua à mão de Neti, apertando-a com satisfação. Quão bem se sentia agora!                                      

    - Vou dar-te o meu aventalzinho branco. Neti quero dizer que será seu mesmo... Já fiz sete anos hoje; sete, realmente! E Suzana meditava, enquanto cortava um pedaço do bolo de aniversário para Neti. “Não posso continuar a ser mesquinha para ninguém, porque estou quase moça!”.